Pediatria

Comportamento atípico de vírus respiratório alerta para a saúde de bebês e crianças



Conhecido por sua sazonalidade, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) surpreendeu especialistas em setembro de 2021, quando supostamente deveria estar em queda, mas continuou apresentando índices consideráveis de infecção, principalmente em crianças de 0 a 9 anos. Esses dados foram divulgados pelo boletim InfoGripe da Fiocruz1 e sustentados até o final de novembro2, quando o último boletim do ano foi emitido.

Com a volta às aulas presenciais já em curso desde o começo do mês, há uma preocupação por parte dos especialistas, que alertam para a importância de não abandonar os cuidados adotados no combate à Covid-19, úteis também para evitar dezenas de outras infecções respiratórias. “É muito importante que crianças voltem ou até comecem a viver em sociedade. Inclusive para o desenvolvimento do sistema imunológico. Porém, pais, responsáveis e professores devem ter atenção com o uso da máscara (indicado para maiores de 5 anos, segundo a OMS3), a limpeza constante das mãos e, na medida do possível, o distanciamento social”, alerta o Dr. Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Em creches e outros ambientes com crianças menores de cinco anos, a atenção deve ser redobrada. “Além de ser um grupo mais suscetível ao agravamento do VSR, ainda não há vacina contra a Covid-19 para essa faixa etária no Brasil, portanto é imprescindível que os adultos ao redor se atentem a quaisquer sintomas respiratórios, afastem as crianças de ambientes coletivos, avisem os outros pais e, é claro, busquem um médico adequado para avaliar o quadro e evitar complicações aos pequenos”, esclarece o especialista.

Apesar de não possuir qualquer ligação direta com o coronavírus, Dr. Renato explica que há sim uma influência da pandemia nesse cenário. “Com o avanço da vacinação em adultos, o segundo semestre de 2021 foi marcado por uma flexibilização inédita desde o início da pandemia de Covid-19, o que acreditamos ter contribuído para a volta da circulação de alguns vírus ‘adormecidos’ como é o caso do VSR”.

Por conta do isolamento social, vírus comumente encontrados em ambientes com muitas crianças sofreram uma queda brusca4. Como é o caso do VSR, responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias em crianças menores de 2 anos de idade durante os períodos de sazonalidade1. Em agosto de 2020, o boletim InfoGripe da Fiocruz registrou 1.047 casos de infecção por VSR no país, 5 vezes menos do que os 5.765 casos computados no mesmo período de 20195.

Dr. Kfouri explica que, como para a maioria dos vírus, não existe tratamento para a infecção pelo VSR, mas reforça que “a conscientização e disseminação de informações sobre o tema são de suma importância para que cada vez mais pessoas conheçam esse e os outros vírus como o VSR para ajudem a combatê-los”.

Sobre o Vírus Sincicial Respiratório

Responsável por 34 milhões de hospitalizações e até 200 mil mortes anualmente no mundo em crianças abaixo de 5 anos6, o VSR é o principal causador de infecções do trato respiratório inferior entre lactentes e crianças menores de 2 anos de idade. Cerca de 40 a 60% das crianças são infectadas pelo VSR no primeiro ano de vida e mais de 95% das crianças, aos 2 anos de idade.

O grupo de risco é caracterizado por bebês prematuros, cardiopatas e que possuem alguma doença pulmonar.

Sazonalidade

No Brasil, o período de maior circulação do vírus acontece de fevereiro a junho na região Norte; de março a julho nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste; e de abril e agosto na região Sul .

Sintomas

No início dos sintomas, é comum a presença de corrimento nasal, tosse leve e, em alguns casos, febre. Pode haver piora da tosse, dificuldade em respirar e chiado ao expirar. Coloração azulada nos dedos e em torno dos lábios é um sinal de alerta, pois indica que sua respiração não está entregando oxigênio suficiente para a corrente sanguínea.

Prevenção

Assim como para evitar contaminação por Covid-19, a higiene adequada das mãos e o isolamento de pacientes com diagnóstico confirmado é essencial para evitar a proliferação do VSR. Àqueles que possuem fatores de risco, devem ter o retardamento da entrada em creches e escolas levado em consideração.


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